terça-feira, 31 de março de 2009

O seu IRS é Solidário?


Este ano não se esqueça de que o Estado permite que 0,5% do imposto liquidado anualmente por cada contribuinte reverta a favor de uma Organização de Apoio Social e Humanitário Sem Fins Lucrativos ou de uma Pessoa Colectiva de Utilidade Publica.

Não há quaisquer custos para o contribuinte que, desta forma, apenas diz ao Estado como quer que aplique uma pequena parte do imposto que paga todos os anos.

Para ajudar uma das 77 instituições inscritas junto das Finanças basta indicá-lo no Campo 902 do Quadro 9 no ANEXO H, colocando aí o NIF da instituição que decidir apoiar este ano com parte do seu IRS.

Lembre-se que esta ajuda não afecta qualquer reembolso a que eventualmente tenha direito, e que continuará a receber. Neste caso, ajudar é fácil e não tem quaisquer custos.

Fonte: Revista Activa

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ajude a Ajudar!

Assunto: PEDIDO DA SPAD

Eu já tenho o meu companheiro mais lindo do mundo, e você?
Passo aqui a mensagem da SPAD que tanto precisa e merece a nossa ajuda!


Caros Amigos e Amigas,
A SPAD - Soc. Protectora dos Animais Domésticos do Funchal, precisa da vossa ajuda!·


Neste momento estamos super lotados com cães que nos chegam diariamente, desde ninhadas acabadas de nascer a cães adultos recolhidos das ruas.
Não aguentamos mais!
Peço-vos encarecidamente que, dentro dos vossos círculos de amizades, procurem quem possa, quem tenha condições e queira adoptar um dos nossos animais para companhia ou guarda que o façam dirigindo-se a esta Sociedade para que possamos continuar a ajudar os nossos amigos de 4 patas com bem estar e qualidade de vida. Espero poder contar com a vossa ajuda.
Por favor divulguem esta mensagem ao maior número de pessoas possível.
O nosso sonho seria encontrar 220 famílias que adoptassem, cada uma delas, um dos 220 cães à nossa guarda.
Nesse dia, seríamos completamente felizes !
Agradeço também que divulguem aos vossos amigos a necessidade de evitar ninhadas indesejadas, esterilizando as cadelas e identificando
todos os animais com 'micro chip'.


Se precisar de informações, ligue-nos:
Tel. 291 220 852 - Estamos ao vosso dispor.
Por favor, ajude-nos a ajudá-los!
Pelo que puderem fazer por eles, o meu sincero obrigado.
José Carlos Gomes - Membro da Direcção da SPAD

terça-feira, 17 de março de 2009

Produto Regional

Por regra, acho que o produto Regional é sempre digno de ser visto atentamente!
Mas este parece ser mesmo bom!
Tive pena de não ter podido assistir à Estreia, também não tinha convite! Mas ouvi dizer muito bem. Aconselho!

terça-feira, 10 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Alberto Pimenta sobre os Portugueses:


OS PORTUGUESES não formam uma sociedade porque não são sócios uns dos outros. Tomemos os exemplos mais corriqueiros. Na cidade velha, vai-se pela rua e pode-se apanhar com sacos de migas de pão ralado, atirados aos pombos, na cabeça. E a rua está cheia de cagadelas de cão, coisa que não se vê em mais cidade nenhuma, porque cada um entende que o espaço público se pode sujar à vontade. Lisboa é habitada por uma horda que usa fato e gravata e anda de automóvel, mas que não chegou sequer ao patamar mínimo de civilização urbana. Começa-se sempre de cima para baixo. A Lisboa 94, com a sua falta de ideia, fez várias coisas em cima sem haver nada em baixo, confundiu arte com cultura. A cultura começa nas ruas onde se pode andar, no ambiente cuidado, nos jardins tratados, que não existem.

Há um total desprezo do próximo, uma falta de noção dos direitos e deveres urbanos civilizacionais. Soube agora de um caso que se passa num prédio normal do centro da cidade. Há alguém que guarda a moto do filho de família no patamar entre o terceiro e o quarto andares e, quando Ihe vão dizer que não o pode fazer, essa gente que é licenciada fecha a porta, dizendo: «A moto é minha, eu faço o que eu quero!» Tal e qual como o sapateiro que bate no filho e diz: «O filho é meu, eu faço o que quero!». É a sociedade do «salve-se quem puder». A maior parte das discussões que se geram em bichas, em lugares públicos onde se reclama um direito, resulta da falta de noção muito exacta que qualquer alemão, francês ou italiano tem dos seus direitos e deveres. Aqui é tudo uma «questão particular». Passa a não ser uma sociedade organizada mas um clã. É simpático, de repente, encontrarmos uma grande humanidade e intimidade onde menos esperávamos. Sabe bem mas o preço é caro, implica um dia-a-dia desgastante, onde tudo funciona improvisada e desastradamente. Nem se pode andar pelas ruas porque os carros ocupam os passeios. São insignificâncias que vão criando e alimentando quotidianamente um mal-estar, um cansaço, uma perda de energia. Quando ando pela Baixa duas ou três horas, começo a sentir um esgotamento de tipo espiritual, ao contrário do que acontece em qualquer cidade europeia em que fico mais alerta, enérgico e cheio de ideias. Aqui, começo a arrastar os pés e a andar em passo de procissão, que é como fazem os portugueses, um pouco vergados, dai a metáfora de trazer um peso nas costas. Há, de facto, um peso qualquer que está lá dentro, nas costas do espírito. Este país é como uma eterna pequena constipação.

E esta fatídica vocação para as pantufas... Conta-se que, depois do terramoto, alguns aristocratas que ficaram sem palácio instalaram-se em barracões onde é hoje o Rato, com grande promiscuidade e as couvinhas lá atrás. Quando os palácios ficaram prontos, não queriam sair, pois era ali que lhes sabia bem. Isto define a mentalidade portuguesa.

A arte em Portugal não tem a ter com a vida. O museu e o espectáculo são coisas que se passam em lugares fechados, com horário e um culto feito em grande parte de snobismo e de obrigação social. Daí o grande desconforto dos artistas em Portugal, uma espécie de marcianos, porque aquilo que fazem não tem nada a ver com os interesses da sociedade. Em Itália. o cidadão mais humilde tem uma intuição, um conhecimento e uma veneração pela arte que aqui terá talvez o equivalente na veneração pela Nossa Senhora de Fátima. Até coincide porque é a veneração por um desconhecido, pelo que está para além da razão. Se não houvesse motivos exteriores, não creio que fizesse falta a quem quer que fosse ir a exposições de pintura, ao teatro ou à ópera.

Há um egoísmo perfeitamente catastrófico que caracteriza os portugueses. No seu dia-a-dia, desde que tenha resolvido o seu problemazinho e possa comer o seu bifinho com batatas fritas ou o seu bacalhauzinho, já tira dai um prazerzinho que o deixa satisfeito. O Eça usou todos esses diminutivos com razão, porque tudo é pequeno, da dimensão ao espírito. Satisfazem-se com pouco.

Outra característica dos portugueses é ter medo do risco, podem cair no ridículo, que fica muito mal. Ora para fazer grandes coisas, é preciso arriscar cair do trapézio. Mas os portugueses preferem trabalhar com rede ou então a um metro do chão. Os Descobrimentos foram uma necessidade porque essa gente que vinha do Norte do Pais, a cair de fome e a morrer pelo caminho, não tinha outra hipótese. E não esqueçamos os mercenários. Os relatos deixam-nos imaginar o tormento daquelas viagens, com doenças e sem comida, em condições de puro desespero. Depois, lá veio a mitificação histórica. Obviamente haveria alguns, poucos, a começar pelo infante D. Henrique, que teriam o seu projecto de alargar a Terra, de chegar a qualquer lado e de tirar lucro, que é o que faz correr o homem. O Camões diz textualmente, n’Os Lusíadas, que «nunca houve nação, nem bárbara, que prezasse tão pouco as artes como a portuguesa». E o padre António Vieira dizia, naquelas etimologias divertidas, que o mundo é mundo porque, por antífrase, é imundo tal como a Lusitânia se chama assim já que não deixa luzir ninguém por causa da inveja. E podíamos continuar com o Eça, com o António Nobre, com os que reflectiram porque tiveram oportunidade de comparar... (...).

Vivi na Alemanha muitos anos e pude constatar que o mito do amor ao trabalho dos Alemães é falso. Não gostam de trabalhar, mas sabem que e preciso. Por isso, fazem-no o mais eficientemente possível. Durante o trabalho, os alemães não conversam sobre futebol nem as alemãs falam de meninos, como aqui. E fora dele é tabu falar sobre isso. Ao contrário de Portugal, onde se passa o almoço a falar do trabalho, uma paranóia perfeita.

Enquanto a Europa é urbana e civilizada há muito tempo, em Portugal o crescimento faz-se por saltos muito grandes. Temos a ideia de que o progresso é deitar fora o que há e substituir pelo novo, o que mostra que não o conseguimos integrar. Em cada época, há elementos que definem o novo-riquismo. No século XVI, o embaixador do Papa escrevia para Roma a dizer que não entendia porque é que o barbeiro, um homem muito pobre, tinha um pretinho para Ihe carregar a bacia quando ia fazer a barba a casa do cliente. Na Segunda Guerra, houve o boom dos novos-ricos do volfrâmio e dizia-se que eles comiam a sardinha assada com pão-de-ló. Hoje continua e, apesar do novo-riquismo destes anos em que já somos europeus, basta por o pé para lá da fronteira para perceber que somos cada vez menos em termos culturais. Temos o mito das melhores praias, dos melhores vinhos, mas quanto tempo vão durar? Há terrenos próximos de Lisboa, na zona do Ribatejo, que estavam classificados para agricultura exclusivamente. Há três ou quatro anos saiu um decreto que permite utilizá-los para campos de golfe desde que sejam reconvertíveis. Daqui a 15 anos, comeremos bolas de golfe em vez de couves...

Os Ingleses, mesmo lá no extremo do Sahara, continuam a manter a nacionalidade e a beber o chá das cinco porque têm uma personalidade forte. Mas um português na Alemanha, ao fim de cinco anos é alemão, e no Japão torna-se um autêntico japonês. Tem uma capacidade espantosa de adaptação, uma qualidade que lhe facilita a vida, mas que é sinal de uma personalidade fraca. O nosso racismo é económico. Tratamos com servilismo os que têm mais dinheiro que nós, embora haja quem diga que isso é a cordialidade do português a acolher os estrangeiros.

Tal como há quem diga que a língua portuguesa é o espanhol sem ossos. Compare-se o «quero-te» com o «te quiero»: enquanto num a entoação morre no fim, no outro a afirmação é evidente logo no som. É como se nem na língua tivéssemos coluna vertebral.

Portugal ficou a meio caminho entre o Norte de Africa e a Europa. E não se consegue definir. É pobre combinar as coisas sem definir uma ideia e uma identidade próprias. Não há, em Portugal, politica no sentido autêntico da palavra, uma ideia de sociedade para dar forma ao Estado. Não há partido que a tenha, excepto, talvez, o comunista, mas não é uma ideia própria. Os políticos portugueses, tal como os artistas, são preguiçosos, pouco competentes e bastante diletantes.

Diário de Notícias, 29 de Janeiro de 1995

Imperdível!

Para quem perdeu este espectáculo este fim de semana no Centro de Artes da Calheta - Casa das Mudas, nem sabe o que perdeu.
Para quem não está na Madeira trate de tentar agarrá-los algures pelo País porque vale mesmo a pena!
Imperdível!



Sinopse: Um recital envolvente, de ritmo avassalador, com o intimismo de um ensaio, que rompe com o silêncio das bibliotecas.

De textos na mão, quase ao desafio, trocando informalmente de papéis, os actores João Lagarto e Vítor Norte levam-nos numa viagem de 60 minutos por textos variados, de autores consagrados, entrelaçados de forma inesperada e surpreendente.

Por vezes, até para os próprios actores.

São interpretados textos de Alexandre O´Neill e Alberto Pimenta, entre outros autores, numa recolha feita por João Lagarto.

Esta peça que não é bem teatro, mas também não é recital de poesia.

Ficha artística

. Textos de Alberto Pimenta, Alexandre O'Neil e vários outros

. Recolha e alinhamento: João Lagarto

. Produção: Alternative Media / António Gonçalves Pereira

. Fotografia: Santos d'Almeida

Classificação etária - maiores 12 anos

Duração do espectáculo - 60 minutos, sem intervalo